De certa forma todas as teorias pedagógicas e educacionais são também teorias sobre o currículo. As diferentes filosofias educacionais e as diferentes pedagogias, em diferentes épocas, bem antes da institucionalização do estudo do currículo como campo especializado, não deixaram de fazer especulações sobre o currículo, mesmo que não utilizassem o termo.
O termo curriculum, no sentido que hoje lhe damos, só passou a ser utilizada em países europeus como França, Alemanha, Espanha, Portugal muito recentemente, sob influencia da literatura educacional americana.
É precisamente nessa literatura que o termo surge para designar um campo especializado de estudos. Foram talvez as condições associadas com institucionalização da educação de massas que permitiram que o campo de currículo surgisse nos Estados Unidos, como um campo profissional especializado
O livro de Bobbitt, em 1918, foi considerado um marco no estabelecimento do currículo como um campo especializado de estudos. O livro escrito num momento crucial da história da educação estadunidense num momento em que diferentes forças econômicas, políticas e culturais procuravam moldar os objetivos e as formas da educação de massas de acordo com suas diferentes e particulares visões. É nesse momento que se busca responder questões cruciais sobre as finalidades e os contornos da escolarização em massa.
Bobbitt propunha que a escola funcionasse da mesma forma que qualquer outra empresa comercial ou industrial. O modelo de Bobbitt estava claramente voltado para a economia. Sua palavra-chave era “eficiência”. Bem antes de Bobbitt, Dewey tinha escrito um livro, no qual ele estava mais preocupado com a construção da democracia que com o funcionamento da economia.Ele achava importante levar em consideração, no planejamento curricular, os interesses e as experiências das crianças e jovens.
A influencia de Dewey, entretanto, não iria refletir da mesma forma que a de Bobbitt, na formação do currículo campo de estudos. A atração e influencia de Bobbitt devem-se provavelmente ao fato de que sua proposta parecia permitir à educação torna-se científica. Nesta perspectiva a questão de currículo se transforma numa questão de organização. O currículo é simplesmente uma mecânica. Esse conceito dominou a literatura estadunidense sobre currículo até os anos 80. Numa perspectiva que considera que as finalidades da educação estão dadas pelas exigências profissionais da vida adulta, o currículo se resume a uma questão de desenvolvimento, a uma questão técnica.
O modelo de currículo de Bobbitt iria encontrar sua consolidação definitiva num livro de Ralph Tyler, publicado em1949. O paradigma estabelecido por Tyler iria dominar o campo do currículo nos Estados Unidos, com influência em diversos países, incluindo o Brasil, pelas próximas décadas. Com o livro de Tyler os estudos sobre currículo se tornaram decididamente estabelecidos em torno da idéia de organização e desenvolvimento. Tanto os modelos mais tecnocráticos, como os de Bobbit e Tyler, quando os modelos mais progressistas de currículo, como de Dewey,constituíram, de certa forma, uma reação ao currículo clássico, humanista, que havia dominado a educação secundária desde sua institucionalização. O currículo clássico só pôde sobreviver no contexto de uma escolarização secundária de acesso restrito à classe dominante. A democratização da escolarização secundária significou também o fim do currículo humanista clássico.
Um resumo objetivo e claro. Se fosse fazer uma apreciação do texto lido, o que diria?
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